Ontem à noite ouvi a campainha tocando, era o mesmo menininho que demos carona duas vezes na mesma semana. Com uma cesta de palha e um saquinho de moedas na mão, ele dizia que perdeu o ônibus. Perdeu o ônibus pela terceiro dia seguido, entre muitas contradições no que falava. Eles moram na beira do asfalto de uma cidade aqui perto, em uma casa humilde.
No primeiro dia, demos carona por pena e nos sentimos ternos pela boa ação. No segundo dia, foi uma coincidência, o encontramos pela rua, sem ônibus novamente. No terceiro dia, o menino veio até a minha casa pedir mais uma vez. Meninos são espertos. Meninos decoram rápido. 12 anos são o suficiente para aprender a lição da vida.
Fiquei pensando que tipo de mãe não se importa com o filho em outra cidade, "perdido" às 23:00h da noite. Sinto vontade de encher essa mulher de tapas. Sinto vontade de cuspir nela. Acho que ela ainda não sabe o que pode acontecer com meninos às 23:00h da noite.
Fiquei com raiva diante de tantas mentiras do garoto, nos fazendo de bobos, usando sua esperteza para com a boa vontade. Era óbvio que não tinha perdido o ônibus tantas vezes por descuido. Era óbvio que o motorista não tinha negado a entrada dele com a passagem na mão ( e isso por três vezes seguidas). Chamei a polícia para ver onde poderíamos levá-lo, talvez em algum abrigo de crianças. Daí ele foi embora, não quis esse tipo de ajuda. E a polícia, de tão eficiente, nem veio, nem fez questão.
Ontem à noite não consegui dormir direito. Fiquei pensando onde ele estaria e no que sentia. 12 anos não são o suficiente para dormir na rua à noite, sozinho. 12 anos não são o suficiente para ter uma mãe que não se importa. Com 12 anos ele não precisava ter ido para tão longe de casa ...
27 de jan. de 2009
20 de jan. de 2009
8 de jan. de 2009
Meus desenhos infantis me encabulam.
Traços fechados e linhas prontas, sempre um pouco tortas. Nunca um pouco de verdade.
Todos os desenhos entram em mim e vejo belos, assim vou desenhando o mundo com os olhos, em outros olhos, e outros olhos vão pensando não sei o quê, mesmo que eu tente tentar saber.
Traços fechados e linhas prontas, sempre um pouco tortas. Nunca um pouco de verdade.
Todos os desenhos entram em mim e vejo belos, assim vou desenhando o mundo com os olhos, em outros olhos, e outros olhos vão pensando não sei o quê, mesmo que eu tente tentar saber.
2 de jan. de 2009
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