19 de mai. de 2015

Anotações sobre a memória.

Temos que manter nossas “memórias de medo”, mas temos que inibir sua evocação constantemente, para que não ocorra a síndrome de stress pós-traumático.

Não há como apagar memórias facilmente. O cérebro faz isso sozinho, involuntariamente. Para que possamos continuar vivendo, o cérebro costuma apagar memórias traumáticas.

Existem as memórias de curtíssima duração (milisegundos), as de curta duração (segundos, minutos ou horas), as de longa duração (horas, dias, anos) e as remotas (que podem durar por décadas ou por toda uma vida).

A função faz o órgão: a melhor maneira de conservar a memória é exercitá-la, e o melhor método é a leitura, pois envolve muita memória visual. Além disso, lendo se percorre praticamente todas as memórias (não há nenhuma atividade tão intensa como essa).

A memória se adquire pela experiência.
Não se conhece o limite da memória humana, mas é muito maior do que qualquer coisa que possamos conhecer. Memória é aquilo que se aprende e fica.

A gravidez tem uma relação muito forte com a memória, pois nesse período se evocam diversos tipos de memórias relacionadas a isso (por exemplo, experiências de gravidez anteriores).

Os humanos sempre aprendem as coisas “mais ou menos”. Algumas coisas temos que aprender diversas vezes para conseguirmos compreender.

A ditadura foi algo que criou memórias coletivas, fazendo as pessoas acreditarem coletivamente em algumas coisas que não existiram.

Cada vez mais o mundo torna-se mediado e nosso contato direto com os fatos é cada vez menor.

Jorge Luis Borges foi o escritor que mais falou sobre a memória (mais do que Marcel Proust, que ficou conhecido por isso).

Nosso cérebro cria muitas memórias falsas.

Sonhos são memórias transfiguradas e reformuladas, mas ainda não existe uma ideia muito clara sobre isso. Quando a qualidade do sono é ruim, afeta as memórias recentes (do dia anterior, por exemplo).

Há algumas substâncias no cérebro que produzem amnésia para esquecermos de experiências traumáticas (como a dor do parto, por exemplo).

Reprodução neuronal nada tem a ver com a memória.


A falta de exercícios físicos provoca consideráveis transtornos cognitivos. O que se recomenda é fazer exercícios durante três vezes por semana, pois aumenta a circulação de todo o corpo e, principalmente, a circulação cerebral, melhorando a função cognitiva.





*Anotações da palestra "O que é e para que serve a memória", de Ivan Izquierdo, em 14 de maio de 2015.

13 de mai. de 2015

Anotações sobre alguns dias de 2009.



Manhã de 17 de junho.
Todas as cidades são só pontinhos de luz. As nuvens de poluição são bonitas vista de cima. Tudo depende do ângulo. Eu acredito nisso.
Queria ter fotografado. Mas tem coisas que se fotografam pra dentro. A minha alma se encheu de pontinhos de luz.
Tomara que dê pra ver da janela.

18 de junho.
Ver olhos novos é sempre incrível.

21 de junho.
Por enquanto, essa ainda é a melhor cidade do mundo. Mas ela tem os dias contados pra mim. Talvez seja isso que faça dela a melhor cidade do mundo:
não pertenço a esse lugar, estou aqui só de passagem.

Me despeço aos poucos.