22 de set. de 2010

"Lá em cima, o céu não era uma tampa fechada sobre a terra, como quase sempre eu via, sepultado vivo. Ele era aberto e sem fim e cheio de mundos e indizível de qualquer outra forma que não fosse esta banal, porque não haveria palavras para ele, o Muito Maior que Tudo. Galáxias, buracos negros, supernovas, anãs brancas, pulsares, quasares, constelações, asteróides, cometas, planetas, satélites, anéis, pontos de sombra e de luz. Minha cabeça girava, acompanhando o movimento determinante das estrelas sobre meus ombros que suportavam o mundo. Tive medo de, por um segundo que fosse, continuar girando o corpo, olhando para cima, e de repente alguma coisa em mim, ou eu inteiro, saísse direto sem rumo nem volta em direção ao céu tão habitado que, qualquer ponto escuro que eu fixasse mais tempo, imediatamente se enchia também de estrelas. Para não me perder, abri aboca e os olhos, me enchi de estrelas feito ele."

Caio F. [retirado de "Onde Andará Dulce Veiga?"]

9 de set. de 2010

A verdade é a pior mentira que existe, grita uma menina em uma música que ouvi há poucos dias.
É só uma convenção, tipo um código. Um negócio que criaram mas a maioria das pessoas não consegue cumprir, porque a verdade vai contra o que somos.
Somos um monte de mentiras. E vontades e desejos que nem sempre podem ser saciados.
Isso é civilização, né?
Um monte de frustrados. Viciados.
Velhos e nem tão velhos tomando muitos remédios pra conseguir se encaixar nos parâmetros da verdade.
Pra constar: remédio é metáfora pra muitas coisas, basta serem refúgio do mundo e de si.

Ismael, não conte sobre o gato foca.
Era só nosso.
Agora virou mentira.






Porque ninguém vai acreditar que pode existir um gato foca de verdade.