22 de out. de 2014

Sobre a memória.

Como é bonito o hábito de escrever diários.
Sem querer, procurando algo no amontoado de coisas desnecessárias guardadas da vida, encontrei um pedaço esquecido de mim mesma. Memórias de uma época cheia de inocência e descobertas. Quando qualquer sentimento era amor. Quando qualquer coisa era motivo de decepção. Quando não tinha motivos pra chorar e, mesmo assim, chorar era tão bom e revitalizante.

Qual foi o momento em que nos perdemos de nós mesmos?
A memória é mesmo um mistério muito profundo.





1 de set. de 2014

Do que me tocou em Mia Couto...

De que vale ter memória se o que mais vivi nunca se passou?
[...]

Os sonhos só existem na impossível lembrança que temos deles.
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Ter casa é isso: é ter um lugar de eterno regresso.
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Uma coisa para ser verdadeira tem que ser primeiro fantasia para que seja aceita como realidade.
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Não somos nós que guardamos lembranças - é o contrário: são as lembranças que guardam a nós.
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Acho que não precisamos de mais tempo. Acho que precisamos de um tempo que seja nosso.
[...] 

Acho que as mulheres me ensinaram, na cozinha, que aquilo que é importante no mundo não é pronunciado em alta voz.
[...]

Um escritor é um escutador.
[...]

19 de ago. de 2014

"Como ciumento sofro quatro vezes: porque sou ciumento, porque me reprovo de sê-lo, porque temo que meu ciúme machuque o outro, porque me deixo dominar por uma banalidade: sofro por ser excluído, por ser agressivo, por ser louco e por ser comum."




"DEMÔNIOS: O sujeito apaixonado tem às vezes a impressão de estar possuído por um demônio de linguagem que faz com que ele se fira e se expulse – como diz Goethe – do paraíso que, em outros momentos, a relação amorosa constitui para ele.

1. Uma força precisa arrasta minha linguagem para o mal que posso fazer a mim mesmo: o regime motor do meu discurso é a roda livre: minha linguagem aumenta de volume, sem nenhum pensamento tático da realidade. Procuro me fazer mal, expulso a mim mesmo do meu paraíso, me empenhando em procurar em mim imagens (de ciúme, de abandono, de humilhação) que me podem ferir; e, aberta a ferida, eu a sustento, e a alimento com outras imagens, até que uma outra ferida venha desviar a atenção."



Barthes, em Fragmentos de um Discurso Amoroso.




Nota mental: exercitar o desapego.

[...]

25 de jun. de 2014

Verdades são fabricadas
e tão frágeis.

29 de mai. de 2014

Sobre fotografia.



As dez proposições sobre a fotografia do futuro, segundo Maurício Lissovsky:

1. Fotografia é adivinhação.
2. A fotografia nasce da espera.
3. Toda fotografia é uma sobrevivente.
4. Fotografia é assombração.
5. Há sempre uma fotografia que nos está destinada.
6. Toda fotografia é o tempo que nos resta.
7. Fotografar é criar reservas de futuro.
8. Toda fotografia está grávida de sonhos.
9. Toda fotografia está viva.
10. O futuro da fotografia somos nós.

Achei tão bonito [texto completo aqui].